#Estudos

O tempero criativo para uma arte inesquecível

Lucas Binotto
Publicado em
15 de julho de 2021

Eu sei que você, assim como eu, em algum momento já deve ter pensado em uma ideia interessante mas não sabia como desenvolver, ou se não, um tema em que você realmente via potencial mas não sabia como explorar.

E pra justamente te ajudar a não passar mais vontade sentindo o cheiro de uma ideia que tá saindo do forno, que hoje eu, o renomado chef Lucas Binotto, vou trazer para você o tempero criativo, para uma arte inesquecível.

Então, primeiro de tudo:

Tempo de preparo: de 40 minutos a 1hora e meia (isso vai depender muito do forno que você usa para cozinhar essa ideia). Dependendo da técnica que você aplica pode levar até 1 dia.

Rendimento: no mínimo 1 arte, podendo servir até para 3 publicações, uma no instagram, no artstation e no zap do grupo da família.

Ingredientes:

  • Boas referências;
  • Uma ideia clara, com estruturas temáticas definidas;
  • Algum lugar pra colocar as ideias, pode ser 2d, 3d, digital ou tradicional;
  • 1 garrafa d'água ou dependendo do horário que você tá produzindo 1 xícara de café;
  • Sal a gosto (essa parte pode ser difícil porque a gente ta no inicio de Julho ainda) 

Modo de preparo:

No começo vamos começar procurando e separando as referências, recomendo que deixe a divisão bem clara para conseguir ler e trabalhar com cada função dentro da arte que a gente tá trabalhando, porque quando isso não tá bem claro não vamos conseguir firmar a ideia bem para que ela possa ser levada ao forno. Então cuidado pra não deixar a sua ideia abatumada. 

Recomendo que separe em princípios simples, como cor, iluminação, objetos, cenários, composição, posicionamento de câmera, ambientação e assim vai indo.

Você pode diminuir ou aumentar a divisão de referências que você vai usar para a quantidade de artes que você pensa em produzir, mas sempre em princípios simples, nunca exagerando na forma de descrever o que está funcionando na imagem, como por exemplo.

“Obras futurísticas com a estética dos anos 80 desenhado no estilo de anime japonês”, se você tá fazendo dessa forma para se orientar, pode estar mais afastando você de chegar em uma resposta do que necessariamente de te ajudar a pensar.

Ok, depois de separar as referências dentro do porque que a gente escolheu elas, agora a gente pode começar a trabalhar o conceito do que a gente quer criar.

Como assim, o conceito?

Você teve uma ideia no início, mas só a ideia sem referência e bases é só uma inspiração o conceito vai ser uma estrutura mais trabalhada para que a gente possa alcançar os resultados concretos dessa ideia.

O conceito é sobre o que fala a sua obra, como propriamente diz o incrível Raoni Marqs o conceito precisa ser simples e direto.

No caso da arte que eu to criando com essa receita o conceito é “Uma criança tem uma jornada épica no museu de dinossauros” 

Agora que eu tenho o meu conceito descrito, vamos pra abordagem, como que eu vou lidar e trabalhar o conceito?

  • Vai ser uma arte épica e super renderizada como as do lolzinho? Com toda certeza não!
  • Vai ser um estilo mais simples de traços e pintura de uma ilustração infantil? Sim! 
  • Eu vou ser mais descritivo, com linhas e hachuras ou sugestivo com manchas? Sugestivo com manchas.
  • A arte vai buscar mais uma narrativa ou representação do personagem ou cenário? Narrativa.
  • O processo vai ser inteiramente feito no 2D ou vou mesclar diferentes formas de lidar com a arte? Vou misturar diferentes formas!

Você deve estar se perguntando o porquê de pensar e responder perguntas assim, a gente já tem os princípios para estruturar a ideia e como vamos lidar com ela, quanto mais você pergunta mais respostas sobre como lidar com a arte você tem.

Então pergunta muito mesmo, porque por mais que a resposta não seja do seu agrado, você pode ir orientando as suas escolhas para que chegue no princípio que você quer.

E justamente para boas perguntas que a gente fez a separação das referências lá trás, então, se você ainda não tá conseguindo pensar em uma solução para uma pergunta, volta pras referências ou então volta pra pesquisa.

Quer misturar mais porque acha que sua ideia ficou meio sem graça? Pois bem aqui vai nossa dica culinária desta semana que é o tempero especial o contraste conceitual.

Mas como assim?

Toda obra tem uma dose de contraste conceitual, como por exemplo:

Referências da cultura pop que se juntam em uma narrativa épica sobre dois jovens na escola (o incrível mundo de gumball); Uma família comum brasileira que vive aventuras mágicas em um mundo completamente tomado pelas referências dos anos 80 a 2000 (irmão do jorel); 

Uma aventura mágica em busca de um tesouro de um pirata espacial (o planeta do tesouro) ou então a jornada em busca de uma cidade lendária que possui uma magia e fonte de vida extremamente futurista ( Atlantis o reino perdido).

E assim vai indo, quanto mais você pensar em como estruturar o contraste de duas ideias mais você vai conseguir trabalhar diferentes estruturas dentro dessa temática e a gente pode ver aplicações muito boas nos exemplos que eu comentei antes.

Como por exemplo O incrível mundo de gumball, que destaca ainda mais a diversidade única de cada cidadão, trabalhando com diferentes estilos visuais e que afetam completamente como eles se comportam dentro do contexto narrativo.


Exemplo de contraste de estilo na mesma obra:


Exemplo de personagem que a imagem afeta completamente sua personalidade:

No caso desse personagem, é interessante ver que ele tem o design de uma bomba e traços de animações clássicas, mostram pra gente tanto em estilização quanto em funcionalidade narrativa a busca por um humor mais caricato, fazendo com que o personagem literalmente tenha um pavio curto e seja bem estressado (o que é na verdade bem engraçado).

Dica do livro de receitas:

Nesse ponto é bom você buscar como exemplo analisar outras obras como o estilo, a busca por contraste e desenvolvimento narrativo buscam se desenvolver para criar uma solução interessante, nesse caso vai ser uma atenção maior que você vai precisar ter na pesquisa para chegar em resultados de qualidade superior.

E não se esqueça de conferir clichês e criar em moldes já prontos, porque quando se está trabalhando uma ideia pela primeira vez, reinventar a roda vai ser muito mais complicado, então assim você pode aprender mais de um clichê bem realizado, do que de uma criação original que não tem muitos lados certos ainda.

Mão na massa!

Agora sim você mistura tudo, as referências, as ideias, os conceitos e contrastes, pra poder chegar na finalização da nossa receita, você precisa prestar atenção no tempo de preparo, fazer só por fazer é desleixo, mas se preocupar com cada detalhe buscando algo perfeito é bobagem, então tenha equilíbrio, tudo na vida precisa, porque nem sempre a gente vai fazer a melhor coisa possível e muito menos vai ser a conclusão que a gente imaginava, mas fazer já é um passo para chegar lá, baby steps ta bem?

O que eu criei ficou mais ou menos assim, mas o seu resultado pode variar com o seu ânimo, objetivo, referências e habilidade técnica.

Eu olho pra minha conclusão e sei que não é das melhores, mas sabe? Eu gostei muito, porque fazer e compartilhar com você essa receita me deixa mais feliz de que aos poucos nós dois estamos aprendendo e melhorando em como podemos lidar com diferentes ideias para produzir algo interessante.

Espero que tenha gostado dessa minha dica culinária e sinta-se à vontade para sempre me visitar aqui na nossa cozinha, as portas estarão abertas e a água quente no fogão pra caso deseje uma xícara de chá.

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