O que é a zona de conforto
Qualquer pessoa que já tenha se aventurado em aprender uma habilidade já ouviu de pessoas mais experientes a frase: “você precisa sair da sua zona de conforto.”
Mas o que exatamente significa isso?
A zona de conforto é basicamente um estado em que você não encontra mais desafios. E isso não é algo inerentemente bom ou ruim.
Uma bênção e uma maldição.
O lado bom é que isso significa que você já acostumou com a habilidade o suficiente para não precisar pensar nela enquanto a performa.
Porém, o lado ruim é que a zona de conforto também pode significar um plateau: você não evolui, não importa o quanto você treine.
Entendendo o que é a zona de conforto
Nos anos 60, os psicólogos Paul Fitts e Michael Posner dividiram o processo de aprendizado em três etapas, respectivamente: o estágio cognitivo, o estágio associativo, e o estágio autônomo.
♦ estágio cognitivo: é quando você está mais consciente do seu processo e precisa de mais concentração, onde mais erros acontecem. Lembra como era nas primeiras vezes que você tentou digitar no teclado do pc?
♦ estágio associativo: nessa etapa você já está mais acostumado e precisa de menos concentração, começa a se tornar mais eficiente, fazendo mais rápido e cometendo menos erros.
♦ estágio autônomo: é quando você treinou e aprendeu o suficiente até que a habilidade funciona no automático. Agora você provavelmente consegue digitar no teclado do pc sem nem pensar sobre isso, se concentrando completamente apenas no que está escrevendo.
O estágio autônomo é o que chamamos de zona de conforto. Este é o estágio que queremos alcançar quando treinamos algo. Conseguir proficiência é uma coisa a menos pra você pensar enquanto cria sua arte ou faz estudos. Mas se isso é bom, como que isso atrapalha?
Estudos foram feitos colocando pessoas em aparelhos de ressonância magnética para ver a atividade cerebral enquanto aprendem habilidades. Foi observado que enquanto elas automatizam os processos que estão aprendendo, as partes do cérebro envolvidas em pensar conscientemente se tornam menos ativas e outras mais ativas, transicionando do estágio cognitivo para o autônomo. É nesse momento que a habilidade costuma estagnar: você não está mais aprendendo algo novo, apenas mantendo algo que ja está lá.
Como você pratica é mais importante do que por quanto tempo você pratica.
Anders Ericsson, psicólogo sueco autor do livro “Peak”, liderou estudos para entender o que faz um expert ser um expert. Nos seus estudos, descobriu que eles desenvolvem estratégias para permanecer no estágio cognitivo e evitar o estágio autônomo: focando na técnica, com objetivos específicos para melhorar fraquezas, e recebendo feedback constante e imediato na sua performance.
Você já deve ter ouvido falar das regra das 10.000 horas. Ela diz que se você praticar algo por dez mil horas você vai se tornar expert. MAS isso é uma interpretação errada da pesquisa do Anders Ericsson feita pelo Malcom Gladwell em seu livro ‘Outliers’. Não adianta ficar dez mil horas praticando, se você só está fazendo o mesmo treino que já está automático.
Você precisa sair da sua zona de conforto.
É por isso que enfatizamos tanto essa frase. O segredo de continuar evoluindo uma habilidade ou sair de um plateau é não se permitir ficar no estágio autônomo.
Por mais desconfortável que seja: pratique suas fraquezas e você voltará a ver sua habilidade evoluindo.
Fontes:
“Moonwalking with Einstein” - Joshua Foer
“Peak” - Anders Ericsson