Quando falamos de mercado de arte aqui no Brasil, o mercado de arte editorial é um dos que mais tem demandas de trabalho! É uma das formas de entrarmos em contato com a arte mais comuns, principalmente durante a infância, mas, mesmo assim, é uma das áreas que menos falamos sobre…
Na área de ilustração editorial, diferente das outras, não é tão amplamente divulgada dentro do nosso meio e, por isso, também gera muitas dúvidas em quem tem algum interesse em dedicar seu trabalho a isso.
É bastante comum que vários ilustradores, independente da sua área de atuação, tenham começado a criar o interesse por arte e desenho ainda na infância e pré-adolescência, vendo livros ilustrados de todos os tipo, ou aquelas capas de livros que não simplesmente M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S e pensado “Nossa! Eu também quero fazer isso!” - Foi o que aconteceu comigo, pelo menos =)
Esse texto foi feito com base no episódio #164 da Sala 1604, em que a nossa host, Gabriela Antonia Rosa, entrevistou os ilustradores Daniel Wu e Wandson Rocha (Studio Pupa), que trabalham com ilustração editorial. Mas calma! Não é uma transcrição! Então não deixe de ouvir o episódio também!
1. Mas o que exatamente é ilustração editorial?
É simples! São aquelas ilustrações feitas para o mercado de livros, revistas, materiais didáticos, entre outros, que estão diretamente relacionadas com publicações impressas (editorial).
2. E Como Funciona Esse Mercado?
Mesmo dentro da ilustração editorial, você ainda pode trabalhar com diversos estilos bem diferentes uns dos outros, já que a literatura tem dezenas de gêneros e temas diferentes.
É fato que o mesmo ilustrador muito provavelmente não fará, por exemplo, uma capa de um livro para a Editora Dark Side e ilustrações para um paradidático infantil. Mas isso definitivamente não diminui o trabalho de nenhum dos dois! Quer dizer apenas que são trabalhos com finalidades, públicos alvos e estilos bastante diferentes, então as editoras vão procurar por profissionais que já tenham ilustrações que tenham a ver com o estilo de cada publicação.
O ilustrador Marcos de Lima já fez diversos trabalho para publicações em revistas como Mundo Estranho, Continente, Super Interessante, Época, entre muitas outras! Não deixe de entrar no Instagram e Behance dele para conhecer mais um pouco do trabalho dele!
Ilustrações didáticas, o maior mercado editorial do Brasil!
Aqui no Brasil, as ilustrações didáticas são a área do editorial é a com a maior demanda e, consequentemente, onde estão a maioria dos ilustradores.
Por outro lado, ela tem a desvantagem por não exigir dos ilustradores uma qualidade técnica muito desenvolvida, em certos casos. O que acontece bastante aqui é que são necessárias muitas ilustrações, mas que na publicação vão ser desenho menores e explicativos (como aqueles dos livros de ciência ou geografia que explicam com desenho como determinada coisa funciona - para auxiliar na absorção de conteúdo). Esse tipo de desenho é bastante simples e, assim, não é necessário o melhor ilustrador do mercado para suprir essa demanda.
Ainda mais, muitas editoras, principalmente as maiores, renovam material todos ou quase todos os anos, então esses desenhos são refeitos com muita frequência (até porque, não é do dia para a noite que se organiza um livro didático inteiro, né?). Esses briefings geralmente vêm bem explicados com todos os detalhes que a editora e uma equipe pedagógica determinaram.
Os livros didáticos e paradidáticos tem a venda mais garantida para escolas, enquanto outros tipos de livros não, então os orçamentos para esses dois tipos de publicação normalmente são diferentes também. Quanto maior a distribuição e maior a segurança de retorno financeiro para a editora, o orçamento para as artes tende a ser maior também.
Tenha em mente que você nem sempre vai fazer apenas ilustrações que você amaaa de paixão, mas sim com coisas que não despertam essa paixão incondicional que temos pela arte. E tá tudo bem =)
A ilustradora Lhaiza Morena é um excelente exemplo de trabalhos que são super interessantes e que estão fazendo o maior sucesso nas redes e nas editores! Ela já ilustrou algumas releituras de livros infantis clássicos, mas também já fez ilustrações para embalagens de produtos, como da Seda Cachos. Corre lá no Instagram dela para conhecer mais dos seus trabalhos <3
3. Cobrando pela sua Ilustração Editorial
O mercado editorial tem muita variação de preços que são pagos pelas ilustrações - tamanho final da ilustração, complexidade, quem é a editora (é uma editora com alcance nacional? Com alcance só na sua cidade?), para onde esse livro ou publicação vai ser distribuído/vendido? Todos esses fatores influenciam no orçamento que a editora tem disponível para a arte.
Acho que vale a pena ressaltar que o orçamento que uma editora da sua cidade para fazer as artes de um livro vai ser muito menor do que de editoras com alcance nacional ou internacional e, por isso,
Acontece bastante em materiais didáticos de terem diversas pequenas imagens, ícones, com desenhos bastante simples e avulsos. Esse tipo de ilustração é muito barata e nem vale muito a penas cobras apenas por uma, por isso as editoras geralmente recomendam esse tipo de desenho em “packs”, com vários, até dezenas, para um mesmo ilustrador, por um preço maior e que valha mais a pena para os dois. É um pouco complicado no início essa questão de preço, já que eles podem variar bastante no mercado, de acordo com que tipo de desenho, qual o projeto e até mesmo quem é a editora que está contratando, mas depois de pegar alguns trabalhos já fica bem mais fácil de lidar com essa questão.
O Daniel Wu e o Wandson Rocha, do Studio Pupa, são dois grandes ilustradores brasileiros que trabalham quase que exclusivamente com o mercado editorial e ilustrações didáticas, se você gosta da área, esses dois são profissionais que você precisa acompanhar!
Contratos
É importante ficar bastante atento a com quem você está prestando seus serviços. Enquanto você trabalha com empresas é muito difícil acontecer de pagarem menos do que o combinado, ou algum tipo de quebra de acordo, porque empresas já costumam trabalhar com contratos. Mas se você também trabalha com projetos pessoais de outras pessoas, ou algum outro tipo de serviço para pessoas físicas ou pequenas empresas, é sempre bom ter já preparado algum contrato, como uma garantia (para as duas partes) de que o trabalho vai ser feito como foi o combinado e o valor que será cobrado. Não é muito comum esse tipo de coisa acontecer, mas é sempre bom se prevenir e ter uma segurança, para não levar um calote, não é?
Mas mesmo fazendo um contrato, é bem importante estar bem atento e sempre registrar no contrato, além do pagamento, exatamente o que foi combinado de trabalho, quantidade de ilustrações, tamanhos, quantidade de páginas, acabamento, entre outras coisas. Pode acontecer quando você trabalha com algum cliente que não tem muita experiência em trabalhar com ilustradores e acaba não sabendo muito bem como funcionam os processos para fazer uma ilustração, ou até mesmo não tem muita noção do que quer e acaba desviando do que foi combinado, pedindo muito mais do que pediu no começo, ou até revisar e refazer algo depois de um ponto mais avançado, etc. Se isso acontece, é hora de rever o contrato, porque você não precisa fazer trabalho a mais do que o combinado pelo mesmo pagamento, ou até mesmo pular fora do trabalho, se acabar não tendo um acordo.
E aí, curtiu?! Então espera que essa é apenas a parte 1! Ainda temos muito o que falar sobre mercado editorial e as dicas do Daniel Wu e do Wandson Rocha no podcast não param por aqui! Tem dúvidas sobre como você deve fazer uma ilustração editorial sem dar problemas durante a diagramação ou impressão? É sobre isso que vamos falar na segunda parte do texto! 😉
Agora me conta, você já tem alguma experiência com o mercado editorial? Comenta aqui em baixo contando pra gente!