#Estudos

O que fazer se eu não sou bom o suficiente?

O dilema de quem quer chegar lá, mas ainda não sabe onde nem como.

Pri Sousa
Publicado em
22 de outubro de 2020

Quantas vezes você já perguntou isso pra si mesmo ou pras pessoas à sua volta, não é mesmo, artista?
Vamos começar por aqui: o que é ser “bom o suficiente” pra você?
Ter um estilo próprio? Reproduzir o que outros artistas fazem? Ter experiência? Ter muitos seguidores/inscritos?
Outra coisa: bom o suficiente pra quê? Onde você quer chegar?
Chega de perguntas, vem comigo!

Estilo próprio

Estilo é um conjunto de características que diferenciam uma obra (ou um grupo de obras) das outras, e também pode ser um conjunto de características que retratam uma época ou movimento cultural.

Essas qualidades técnicas, estéticas e culturais vão mudando e crescendo junto com a prática e o estudo ao longo do tempo. Algumas pessoas já começam no estilo que vão seguir a vida toda, mas a maioria dos artistas descobre pelo caminho, testando e mesclando o que aprendem com as próprias vivências.

Com a prática, você vai encontrar qual a melhor mídia, a melhor técnica e a melhor temática pra carregar um pouquinho de você no que produz, seja uma peça de aquarela, uma escultura ou a arte digital para um game.

Resumindo, estilo próprio é o quanto você imprime de si mesmo e das suas vivências na sua arte, e isso não é um processo mecânico, mas natural, e só depois disso as pessoas vão bater o olho numa arte e saber que foi você quem fez ou inspirou aquilo.

Recentemente tivemos um podcast muito explicativo sobre esse assunto com o Leandro Massai, você pode ouvir na íntegra clicando aqui.

Tão bom quanto quem me inspira

Todo mundo tem alguém em quem se inspira. Mas antes de comparar os seus resultados com os resultados dos outros artistas, avalie todo o background:
Há quanto tempo essa pessoa atua no mercado? E você?
Quantas horas ela estuda por dia? E você?
Quais oportunidades de cursos/materiais essa pessoa teve acesso? E você?
Quais as aptidões próprias dessa pessoa? E as suas?

Todas essas coisas fazem muita diferença no resultado final de um projeto ou arte, então antes de pensar que não é bom o suficiente porque não é tão bom quanto o fulano, veja qual o resultado que essa pessoa tinha quando tinha o mesmo tempo de experiência que você. Tente descobrir as suas aptidões próprias, teste novos caminhos, experimente diferentes softwares e mídias.

Se você é iniciante nos estudos de arte, e acha que o maior problema é a falta de oportunidade para aprender e ter acesso a materiais de estudo, temos vários cursos gratuitos aqui mesmo no revospace e muito conteúdo no nosso canal do youtube.

Experiência

Ah, eu queria ser bom, mas não tenho experiência nenhuma…
Tenho que te dizer uma coisa: experiência se consegue na prática. Conheço vários ilustradores muito bons, mas que nunca trabalharam com ilustração. Antes de se preocupar em ter experiência profissional, aproveite para ter bagagem de conhecimento.

Se dedique, estude coisas diferentes, conheça novos artistas, participe de desafios de arte (isso vai te ajudar especialmente a aprender a seguir um briefing e a ganhar visibilidade também).

Estar preparado para as oportunidades que vão surgir às vezes é dedicar uma hora a mais de estudo por dia, ou testar uma nova técnica, ou conversar com aquele seu amigo que já tá no mercado. Tudo isso também é experiência!

Você sabia que o grande Glen Keane, por exemplo, queria ser artista plástico, mas acidentalmente teve sua inscrição enviada para o departamento de animação, e não pode trocar de curso? Se isso não tivesse acontecido, ele não teria chegado à Disney e posteriormente a ser premiado com o Oscar de melhor Curta-metragem de Animação.

Mas eu não tenho tantos seguidores…

Tudo bem que as redes sociais são um ótimo espaço para nós artistas ganharmos alcance, mas essa não é a única (nem a melhor) forma de medir a qualidade do seu trabalho, ok?

Conquistar um público, conhecer as estatísticas, algoritmos, e formas de engajamento de cada rede social é um trabalho que vai além de produzir arte. Se você não se sente confortável em administrar esse tipo de trabalho e dedicar parte do seu tempo para isso, não esquenta a cabeça não…

Aproveita as redes sociais pra conhecer outros artistas, compartilhar seus processos e ver memes de pet. E continua estudando e produzindo sem pressa, sem neuras. Cada pessoa é única e tem um tempo próprio de aprendizado, o importante é manter uma evolução constante e se for para ser melhor que alguém, seja melhor do que você do ano passado.

Ainda acho que não é o suficiente…

E a verdade é que você nunca vai achar… Esse é um traço do ser humano: uma constante busca pelo que ainda não conquistou, e quando conquista, quer algo além, que quando conquista, quer um pouquinho mais.

Só não vale se depreciar por isso. Que tal trocar o “eu não consigo porque não sou bom o suficiente” por “eu não consegui ainda, mas não vou desistir”?

Onde você quer chegar?

Eu sou simplesmente apaixonada por esse diálogo de Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol:

“— Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
— Depende bastante de para onde quer ir — respondeu o Gato.
— Não me importa muito para onde… — disse Alice.
— Então não importa que caminho tome. — disse o Gato.
— …Contanto que eu chegue a algum lugar — Alice acrescentou à guisa de explicação.
— Oh, isso você certamente vai conseguir — afirmou o Gato — desde que ande o bastante.”

Se você não sabe onde quer chegar não importa qual caminho vai tomar. A certeza é que você vai chegar em algum lugar se andar muito. E olha: quem não sabe pra onde ir acaba dando muitas voltas no caminho.

Você não precisa saber qual o destino final, mas comece pelas conexões, por exemplo: quero dominar os fundamentos de desenho, depois melhorar minha pintura digital, depois aprender sobre design de personagens, e por aí vai.

E agora?

Agora lê em voz alta comigo: “Eu sou melhor hoje do que era ano passado”, “Eu não preciso evoluir na mesma velocidade que o meu coleguinha”, “O meu trabalho não é ruim só porque existem outras pessoas com o trabalho melhor que o meu.”

Tenta se cobrar menos e continua no seu ritmo, que você vai conseguir!

Comenta com a gente se você já se sentiu assim, e o que você costuma fazer pra sair dessa bad. E não esquece de clicar no aviãozinho e mandar o link pros seus amigos que precisam ler essas dicas também!

A imagem em destaque é da Lila Cruz, essa ilustradora baiana que eu amo demais da conta! Você pode conhecer mais do trabalho dela no Instagram, no YouTube e na lojinha virtual Quadrada.

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