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O Guia da Ilustração Editorial - Parte 3

Ilustração editorial para crianças é mais do que arte, é responsabilidade!

Giulia Marchi
Publicado em
13 de novembro de 2020

Estamos chegando a fim desse nosso especial sobre ilustração editorial e, para fechar com chave de ouro, o assunto vai ser sério hoje. Quando falamos sobre ilustrar livros e outras coisas que têm crianças como público alvo, não podemos deixar de falar de uma coisa muito importante: RESPONSABILIDADE. Como já falamos lá na primeira parte deste guia, o maior mercado editorial aqui no Brasil é justamente para esse público, com ilustrações para materiais didáticos, reservamos esse finalzinho para conversar melhor com vocês sobre algumas coisas que temos que pensar quando trabalhamos com crianças =)

Acredito vocês, nossos leitores já tem uma boa ideia do porque a representatividade é tão importante, mas vamos explicar melhor porque ela é fundamental durante a infância e onde está o nosso papel, enquanto artistas, durante a educação delas!

A infância é justamente o momento em que aquele pequeno ser humano está se formando com mais intensidade, as idéias, visão de mundo, referências e, quanto mais nova é uma criança, mais importantes são as referências visuais que ela vai ter contato durante o seu desenvolvimento! 

A Karyne Kuy é uma ilustradora que tem um trabalho bastante voltado para a ilustração editorial para um público infantil, as ilustrações acima fazem parte do livro "Quem Abre o Bocão", um livro que ensina e reforça hábitos saudáveis de alimentação com crianças, escrito pela Lulu Lima, publicado pela editora Mil Caramiolas e ilustrado por ela! A Karyne também desenvolver um projeto muito interessante como trabalho de conclusão do curso de Design na UTFPR, em que desenvolveu um aplicativo para que crianças pudessem aprender de forma interativa a língua japonesa, com uma estética "kawaii", bem típica da cultura contemporânea japonesa. Você pode conhecer esse projeto incrível e outros de seus trabalhos no seu Instagram e no site!

Você, artista que vai ilustrar algum material para crianças, tem uma GRANDE responsabilidade nas mãos! É neste momento em que ela ter oportunidade de ter contato com uma realidade que pode ser diferente da dela e de uma maneira bastante positiva, é durante a infância em que podemos educar melhor a nossa sociedade para ser mais inclusiva e aberta às mais diversas pessoas que existem pelo mundo, tudo isso com bastante respeito!

Por isso, quando falamos de materiais didáticos infantis e infanto-juvenis, é essencial você se manter no politicamente correto e pensar em diversidade na hora de criar suas personagens! As editoras procuram profissionais que já estão preocupados com isso que já fazem esse tipo de trabalho. Muitas vezes essas questões não estarão no briefing que você vai receber, como o Daniel Wu descreve no nosso podcast sobre o assunto: As editoras não vão mandar que precisam ter um grupo com pessoas negras, indígenas, asiáticas, pessoas gordas, pessoas com deficiência, etc. Eles vão mandar “precisamos de um grupo de 10 crianças” e esperam que essa diversidade seja aproveitada pelo próprio ilustrador.

A Carol Sartori é uma ilustradora freelance que também já trabalhou em alguns projetos de ilustração para livros infantis, as imagens acima e o destaque dessa matéria são algumas das artes que ela fez para o livro ilustrado coletivamente com outras artistas mulheres "Quando eu descobri que era menina", que foi financiado pelo Catarse e que é uma recomendação pessoal minha de um trabalho incrível para se conhecer! Não se esqueça de dar um pulo lá no Instagram e no Behance da Carol para conhecer mais do trabalho dela!

Acho que vale a pena ressaltar mais uma vez que as crianças estão começando a entender e conhecer o mundo em que vivem! Muitas crianças não têm a oportunidade de conviver com outras pessoas muito diferentes dela durante a infância, mas isso não quer dizer que vai ser assim para o resto da vida delas, por isso a ilustração didática que trabalha a diversidade desde cedo, vai preparar uma criança para conviver e lidar com mais respeito com as outras pessoas que ela encontrar ao longo da vida. E quando uma criança que é um pouco mais fora do padrão tiver a oportunidade de ver ali naquela ilustração uma outra pessoa que é parecida com ela, que representa ela, é um acolhimento que infelizmente ainda falta para centenas e milhares de pessoas por ai.

Nós, ilustradores, que vamos dar uma forma visual a esse mundo ideal e, por isso, é tão importante que ali sejam apresentados para elas novas cores, formas, jeitos, culturas e comportamentos positivos =)

É muito mais fácil nós tentarmos ensinar esse tipo de coisa durante a infância do que tentar reeducar e desconstruir um adulto no futuro, que vai ter crescido sem ver ninguém que o representou a vida toda, ou que nunca aprendeu a conviver com pessoas diferentes de si próprio. 

Essa parte do trabalho com ilustração editorial vai bastante também para o lado do design de personagens e, como já falamos bastante de diversidade aqui, você pode até ter uma técnica impecável e dominar os fundamentos de desenho, mas se eles não tem muita variação de cores, formas e jeitos, todos ficar meio parecidos e não vão despertar o interesse das editoras (principalmente as maiores e que, consequentemente, pagam mais aos ilustradores), pais e qualquer outro comprador. Saber desenhar personagens interessantes, criativos e variados é FUNDAMENTAL quando falamos de ilustração para crianças. E, venhamos e convenhamos, referências de pessoas bastante diversas ao redor do mundo é o que não falta!

A Amanda Daphine é uma artista que ilustrou um livro infantil maravilhoso! "Lukenya e seu poder poderoso" é um livro infantil bilíngue, em português e kimbundu, uma língua africana que vem da região da Angola e República do Congo, que é de onde descende a família da personagem principal, Lukenya! Você pode conhecer mais sobre esse e outros tantos trabalhos da Daphine visitando seu Instagram e Behance!

Ainda no nosso podcast, o Daniel e o Wandson nos propõe uma reflexão bem simples, mas bem importante, que faço questão que trazer aqui para fechar o texto:

Pode até parecer um pouco fora da zona de conforto, principalmente se você é uma pessoa mais dentro do padrão estético, mas são mudanças bastante simples de fazer nos nossos trabalho! Quando pensamos em diversidade na ilustração editorial, se pergunte: Aquela personagem PRECISA ser branca? PRECISA ser homem? PRECISA ser magra? - É claro que, se houver um motivo específico que justifique algo no sentido, ótimo, mas se não tiver, porque não fazer diferente?

Agora me conta, você já tem alguma experiência com o mercado editorial? Comenta aqui embaixo contando pra gente! Obrigada por chegarem até o finalzinho desse guia conosco!

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