#Estudos

Biblioteca Visual e Referencias

Lucas Binotto
Publicado em
30 de agosto de 2021

Toda arte e toda ideia precisa surgir de algum lugar e justamente como diria o meu professor de filosofia nada vem do nada e tudo tem um porquê de existir. 

E justamente por isso que hoje a gente vai falar mais sobre design, referências e como começar a montar sua biblioteca visual.

Porque assim a gente consegue criar melhor diferentes artes e conceitos.

Mas vamos por partes.

Como e para que você precisa de referências?

É sempre bom você ter referências de diferentes estilos e fontes, mas não adianta você pegar referência de carros futurísticos se você vai desenhar gatos.

Você precisa ter foco, porque muita coisa gera mais confusão do que te ajuda a resolver problemas.

Mas como ter foco se você não sabe o que criar?

Aqui que um mapa de influências artísticas pode te ajudar muito mais.

Então, pode começar a pensar comigo no que você gosta de criar.

Primeiro a gente pode começar simples.

Escolha 3 obras entre filmes, quadrinhos e jogos, para representar pontos estéticos diferentes. (A se você não consome um ou outro pode trocar por algo que você consome mais)

  • Estilo visual
  • Narrativa
  • Ideia

Estilo visual é aquele que não é necessariamente bom, mas que é bonito, aqui a gente foca só no visual pra depois olhar em como ele funciona pro resto.

Narrativa, aqui a gente vai olhar pra como a obra conta uma história sem focar no estilo visual, então pode ser o romance pastelão ou o terror clichê o importante é como ele conta alguma coisa.

Ideia, aqui a gente vai olhar mais em relação a contraste e conceito é aqui que realmente a ideia vai surgir orientar tanto o estilo narrativo quanto as escolhas visuais.

O contraste vai demonstrar, ideias e referências estéticas e narrativas, juntando tudo pra complementar a criação da obra, então pra essa referência aqui busca o que você realmente gosta por mais sem sentido que seja, como um tornado de tubarões ou um pneu assassino.

ok, agora que a gente escolheu as obras tá na hora de olhar os artistas. 

Aqui as redes sociais assim como o artstation podem ajudar a mostrar diferentes processos e formas de lidar com a criação de arte, então bora pro artstation já que é uma das maiores, se não a maior rede social artística e que tem um processo bem detalhado.

Como encontrar referências aqui?

Nesse mar de artes e artistas assim como a gente dividiu antes você pode também dividir aqui, pra entender o que você busca e o que você gosta em cada imagem.

Lembrando que é só pra te motivar e te orientar, não copie e nem divulgue uma arte como sua se ela não é sua, isso é só vacilo mesmo.

A divisão das referências precisa ser clara, eu por exemplo divido pelo ponto que a arte me chamou a atenção, o propósito de eu ter salvo ela como referência, no caso trato os tópicos por.

  • Ambientação
  • Conceito
  • Estilo visual
  • Posicionamento de câmera e composição

As referências não necessariamente vão resolver todos os problemas do seu trabalho, no caso vão orientar nas soluções criativas, já em estrutura técnica você ainda vai precisar estudar os fundamentos, por isso não esqueça deles!

Porque junto com bons fundamentos você consegue aplicar muito bem outras técnicas para complementar o resultado que você busca, pois durante a produção de um trabalho criativo diferentes caminhos podem te levar a resultados tão incríveis que você não conseguia nem pensar no início.

Mas como que eu posso classificar e entender melhor um conteúdo, para usar ele como uma boa referência?

No caso dos fundamentos é olhar em obras profissionais como elas funcionam, porque se alguma arte é realmente boa é porque o fundamento funciona muito bem, mesmo quando o artista distorce ela. Mas calma, tá? No início tenta manter as coisas simples.

Quais são os exemplos de fundamentos que a gente pode usar pra ler e entender uma obra melhor?

Além dos fundamentos básicos de desenho, como valores, perspectiva, cor, luz e sombra, anatomia, também temos outros aspectos em que uma boa arte se estrutura,  Stéphane Wootha apresenta uma estrutura básica para pensar a narrativa e composições do seu desenho.

Mas claro que diferentes propósitos vão ter diferentes focos e caso você não valorize um ponto em específico isso não exclui a existência do outro, você ainda pode sim ter resultados muito bons ignorando a poesia por trás de um trabalho artístico mas esquecer a busca pela beleza da arte fazendo os fundamentos funcionarem é a parte mais importante.

Fundamentos de Design:

Design é realmente criar um estilo e uma peça que funcione vai depender e muito da forma que você racionaliza e lida com o seu trabalho.

Então quando a gente pensa em design quais são os principais pontos que você precisa manter como foco?

1 - Tudo que não é da natureza, no caso seus desenhos e escolhas artísticas tem um propósito, nada vem do nada e tudo tem um porquê de existir.

2 - Se você pensou isso, a ideia deve estar clara principalmente para pessoas que não estão próximas ao trabalho artístico.

Então se sua vó não entendeu que o desenho que você fez era um carro, tem algo de errado, volta lá e faz de novo.

E por que pensar nesses dois pontos?

Uma boa escolha de design precisa ter claridade e propósito, então você realmente precisa pensar bem e buscar referências na hora de construir suas escolhas artísticas.

Sempre lembrando de pensar a sua arte e a busca por soluções concretas, já que forma segue sua função.

E em quais elementos você deve ter atenção dentro das suas escolhas pra desenvolver a sua arte, linha, forma, direção, tamanho, textura e cor.

Variando entre, equilíbrio, variedade, contraste, proporção e ritmo de leitura.

Bastante coisa né?

Mas calma, vai fazer sentido você estudar tudo isso, porque por mais que você não saiba como aplicar tudo, você vai saber como ler e compreender isso em outros trabalhos e aqui a gente volta pra aquela estrutura de como pensar a pesquisa pra sua biblioteca visual.

Diferente do que a gente pensa e acaba fazendo em grande parte das vezes, o trabalho de concept ao criar um cenário ou personagem tá mais na pesquisa.

Então começa a entender o problema.

“Como eu preciso resolver isso?”

Depois como lidar com ele.

“Quais são as soluções de outros artistas que eu posso estudar e como eu posso aprender com elas pra chegar na minha resposta?”

Então pense e aplique.

Aqui vão ser mais técnicas e produção, então mão na massa, viaja mesmo, porque as respostas vem mais e melhores quando você busca entender as perguntas pra fazer novas perguntas, até porque nem sempre as respostas vão ser necessariamente as melhores.

Refine.

Agora sim é a hora de detalhar e focar naquele fio de cabelo que não tá batendo na direção certa do vento, então concentra pra deixar tudo ó um brinco!

Mas depois de pensar em tudo isso ainda tá estranho?

Talvez o que falte pra sua arte e pra sua ideia seja o trabalho de contexto, ou por ainda faltar alguns pontos que você não pensou muito bem, ou porque não repetiu a mesma linguagem para as outras escolhas artísticas que você teve.

Por exemplo, não faz sentido eu colocar o gandalf no starwars, porque por mais que as escolhas de design sejam boas elas ainda não estão na mesma linha de raciocínio.

Então lembre do contexto das suas escolhas e caso o gandalf realmente apareça na sua obra épica no espaço, crie uma ponte entre esses dois temas, lidando também com a repetição pra trabalhar a ambientação.

Porque como diria o próprio Miyazaki em seu livro Starting point “Um anime pode representar mundos fictícios, mas, mesmo assim, acredito que deve ter um certo realismo em seu núcleo.

Mesmo que o mundo retratado seja uma mentira, o truque é fazer com que pareça o mais real possível.

Dito de outra forma que o animador deve fabricar uma mentira que parece tão real, que os espectadores pensaram que o mundo retratado pode realmente existir.”

E é isso que a gente tá criando, uma mentira que se torna real, então ela precisa fazer sentido dentro das suas escolas, então não esqueça a importância da repetição pra criar contexto pra esse mudo que você realmente tá criando e pra toda essa história que você quer contar por trás da ideia.

E isso tudo vai garantir uma boa biblioteca visual?
Mais ou menos, porque saber disso é só o primeiro passo pra realmente absorver outros pontos da arte que às vezes a gente acaba esquecendo que tão ali.

Toda arte e toda produção tem uma forma de se comunicar com a gente, seja pelas cores, narrativas ou simbolismos por trás da arte e nem sempre fica tão claro o porquê e como uma obra funciona ainda mais pra quem assim como eu e você que está estudando e que ainda tem grandes dúvidas.

O ponto agora não é mais só olhar pra arte, mas entender como ela funciona e com o tempo absorver diferentes soluções e referências funcionais tanto de artes quanto da realidade e trazer isso para o seu amadurecimento artístico. 

Vai ser difícil? vai!

Porque assim como estudar fundamentos, exige tempo e dedicação.

Agora só resta você correr atrás pra conhecer e entender mais do mundo a sua volta e dessas artes maravilhosas.

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