Este texto é uma tradução/adaptação do artigo sobre valores tonais, escrito por Dorian Iten para o site Creative Bloq. O texto original pode ser lido clicando AQUI.
Valores estão presentes em quase todos os desenhos ou pinturas que criamos – e muitas vezes, eles podem ajudar ou destruir uma peça. Para criar uma imagem de sucesso, precisamos navegar por vários efeitos de luz e peculiaridades da percepção. Isso muitas vezes pode ser frustrante! No entanto, os mesmos desafios sempre surgirão, independentemente do seu assunto ou meio. Quer você esteja desenhando, pintando naturezas-mortas, pastel ou trabalhando ao ar livre, os princípios são os mesmos quando se trata de valores.
Se você deseja criar imagens realistas e convincentes, há algumas ideias-chave para se familiarizar, e ter alguns métodos para ajudar a resolver problemas comuns ajudará seu trabalho a fluir com mais facilidade. Quanto mais praticamos, mais intuitivo é o trabalho com valores.
1. Separe luz e sombra
Fazer uma distinção entre luz e sombra é fundamental. Esta é a base para todas as decisões de sombreamento. Primeiro, faça uma distinção entre a “parte de luz” e a “parte de sombras” (mostrada acima). A parte da luz consiste em todas as áreas que são tocadas diretamente pela fonte de luz. Uma boa maneira de testar isso é observar seu assunto a partir da direção da luz, para que você possa ver o que a luz pode iluminar. A parte das sombras consiste em tudo o que está escondido da fonte de luz. Isso inclui todas as sombras e áreas de luz refletidas.
2. Use uma escala de valor
Uma escala de valor é uma ferramenta que ajudará você a entender os relacionamentos tonais. Nós recomendamos uma escala de nove passos, pois ela tem um valor central, no meio. Você pode criar uma escala de valores marcando nove amostras, como na imagem acima. Em seguida, usando linhas de luz, comece com a amostra 1 (o mais escura possível) e 9 (deixando apenas o papel). Em seguida, adicione uma estimativa para o tom 5 no meio. Depois, adicione os tons 3 e 7. Adicione os tons restantes para completar a escala.
3. Relatividade do valor
Nossa percepção do quanto algo é brilhante é alterada de acordo com o que o rodeia. O exemplo acima mostra dois quadrados com a exata mesma cor de cinza cercados por preto e branco. Você consegue ver como o cinza parece ser muito mais escuro na frente do fundo branco? Esse efeito acontece o tempo todo quando você desenha a partir de observação.
4. Efeitos da luz
Ao atingir um objeto, a luz cria vários efeitos que precisamos perceber. Veja na imagem a cima as formas como a luz transborda sobre um objeto e cria áreas de luz e sombra.
5. Luz Refletida
Desenhar corretamente os reflexos da luz resulta em uma ótima sensação de volume. Para criar uma impressão de luz realista, é importante entender o que afeta a intensidade da luz indireta (refletida)
Primeiramente precisamos reconhecer o valor local, o brilho “real” de um objeto independente dos efeitos de luz. Objetos e materiais mais claros refletem a luz com mais intensidade do que materiais mais escuros.
Outro fator é a distância – quanto maior for o caminho que luz refletida tem que percorrer, mais fraca ela fica. Ao passar para o lado nas imagens acima é possível ver o efeito da distância em ação em um material branco com máxima força reflexiva.
6. Três erros comuns de sombreamento
Um dos erros mais comuns no sombreamento é fazer as reflexões da luz muito claras (1). Isso cria uma confusão entre meios tons e luzes refletidas, dificultando a interpretação da imagem. Outro erro é fazer os meios tons escuros demais (2). Isso cria uma aparência suja na imagem. Também não podemos fazer os meios tons muito claros (3), pois isso tira a percepção da forma.
7. Faça um estudo de valores
Para compreender melhor valores confusos, os organize em grupos em um desenho separado (um estudo de valores). A meta do estudo é sumarizar a imagem ao colocar tons similares juntos. O ideal são quatro ou cinco grupos de valores. Primeiro defina quais são os tons mais claros e mais escuros, depois ache os dois ou três tons que estiverem mais presentes na imagem. Dê o seu melhor para combinar os valores similares. Depois de fazer isso você terá um plano bem claro para estabelecer seus valores.
8. Teste sua compreensão
É sempre bom fazer experimentos. Teste tanto a luz natural quanto a artificial e preste atenção nas diferenças. Tente criar imagens da sua imaginação. Você consegue lembrar de todos os 11 efeitos de luz que explicamos na dica 4? Você está conseguindo evitar os três erros comuns de sombreamento que mencionamos no item 6? A imagem acima mostra oito ilustrações da mesma escultura, cada uma feita por um estudante diferente, com sombreamento totalmente criado a partir da imaginação.
9. Alcance limitado e compressão de valores
O alcance dos valores define quão grande é o espectro entre a luz mais clara e a sombra mais escura. Cada mídia tem sua própria extensão de valores. A natureza tem um alcance gigantesco: da luz mais clara (o sol) para a sombra mais escura (escuridão total). É muito difícil reproduzir o alcance da natureza na sua arte. A solução é reduzir o contraste em ambas as extremidades do espectro.
10. O guia de luz
Para entender a luz em uma cena, desenhe uma pequena esfera e estabeleça nela a direção da luz, a luminosidade das sombras, e a força da luz refletida. Em uma imagem complexa, você pode fazer um guia de luz para cada objeto individualmente. Para estudar a natureza, pegue um ovo e o segure em diferentes iluminações para ver como esses três principais aspectos funcionam em ambientações diferentes.
Comentários 3
Avançado, mas muito bom aprender sobre isso.
Na parte 4, efeitos da luz. O tópico Penumbra aparenta estar com a frase incompleta: A suavidade em volta das bordas da..?
Oi OttonMB! Obrigada pelo toque, já corrigimos! =)